domingo, 11 de maio de 2014

O Caminho da Luz.



                         



No alto de uma montanha secular, disforme e inacessível, com árvores frondosas, flores majestosas e pássaros a voar, conseguiu ela chegar. Escolheu seu "assento" perto de uma bela e sombreada árvore, que dava acesso a toda paisagem do vale e ainda a vista de todo céu azul de beleza que expandia-se pelo universo infinito até abandonar a Terra. Não fora fácil chegar lá. Há tanto tempo escalava àquela montanha, muitas vezes parando, tentando desistir e pedindo abrigo pelas brechas que se mostravam pela enorme montanha. Enfim, chegou. Por fim, sentou-se.


E agora, pensava ela, o que fazer ou pensar? Qual caminho caminhar e quais objetivos lutar. À vida é movimento, luz e ação. Não é inércia, mitos ou anulação. É preciso movimentar-se, indagar e buscar. É necessário ser, pois ter é passageiro, é ilusão do poder ou posse sobre o outro, o mundo, o tempo. Se sou, sempre sou, se tenho pouco sei se guardarei aquele ter, se é real.



E naquela montanha sentou, questionou e sentiu toda a energia provinda da ação viva do vento, das arbóreas e das lindas flores que expandiam suas belezas "in natura". Tudo na vida é esforço. As árvores lutam por seu crescimento, as flores trabalham para abrirem-se e, os ventos, ah, os vento, são associações de forças físicas e químicas que nutrem de vida e de ânimo todos os seres da Terra.


Como bonita é a Terra. Como é bonito amar, perdoar e descobrir-se no outro, no mundo, mas sobretudo, em si mesmo. Quem eu sou, o que quero, qual minha origem e qual meu destino. Ah! pensamentos internos, criados pelo Ser supremo e inteligente que deixa em suas criaturas as sementes necessárias ao progresso da humanidade, ao progresso individual.


E, após tanto refletir, ouvir e pensar, encontrou sua resposta: crescer, trabalhar e a sabedoria encontrar, multiplicar e dominar. De agora em diante sua vida seria assim: melhorias e progressos. O pensamento produtivo, a ação produtiva, o trabalho produtivo, as relações produtivas... sua meta: frutificar. Sua busca, a paz e sabedoria do Criador e, seu caminho, todas as estradas necessárias para sua jornada, a de um ser em busca  transformar e melhorar a si mesmo.


Decidira por fim descer. Mas agora a descida se mostrava mais fácil. Não teria tanto esforço para "desescalar", os ventos, seus amigos bondosos, lhe ofertariam sossego e a luz iluminaria todo caminho preciso para o caminho correto alcançar.


Depois da fácil descida, olhou firmemente para sua montanha e agradeceu todas as dificuldades que a criatura amiga lhe impôs. A tristeza pelo longo caminho, a fraqueza diante a longa escalada, a revolta da solidão ao subir, a generosidade de todos os amigos que lhe ajudaram na subida, a gratidão aos amigos que tentaram impedir sua subida, lhe impondo dificuldades e desilusão e o conhecimento sobre si mesmo, principal impulso de toda peregrinação.


Agradeceu. Um suspiro deu e um adeus demorado, consciente de seus novos achados e da nova boa criatura que floresceu em seu ser. Com passos mansos se foi, olhando toda desconhecida estrada. O caminho, agora, era novo, de melhora, ajuda, luz e belezas infindáveis. O caminho, agora, representava seu atual estágio: sabedoria, luz e aprendizado. O caminho sereno de toda criatura que encontra seu destino e para ele se desdobra em luz.







domingo, 3 de novembro de 2013

Recebimentos.








Por muito tempo ela caminhou, recebendo emoções e momentos de todos os tipos. Com todos é assim. Todos tem seus recebimentos, de acordo com suas necessidades. Mas por quanto tempo andara, às vezes até correra, sem perceber quais recebimentos estavam batendo à sua porta? Não, não sabia. Não sabia o tempo, os momentos e o que estava caminhando na sua estrada, fazendo-a parar, pensar e, até mesmo, mudar seu caminho. Agora, perante tempo passado, estradas percorridas e análises refletidas, entendera, como fruto que demorara a amadurecer, o valor dos seus "recebimentos".




Era nos tais dos recebimentos, que escondiam-se todos os segredos que necessitava para encontrar o que definiam, de formas tão diversas e diferentes, o caminho da completa e plena realização humana do ato de sentir e agir com a perfeição dos que encontraram a sabedoria e paz da purificação da pessoa de bem. O que estava recebendo, as oportunidades e os recebimentos negativos e positivos, tornaram-se, para ela, o novo principal foco da sua vida, pois, era através dos seus recebimentos, que ela entendera que poderia aprender a linguagem da "inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".




Aprendera, finalmente, que não há mistérios indecifráveis, explicações complexas e caminhos difíceis, há, apenas, a dificuldade de observar todo caminho mostrado pela vida dos processos que ocorrem de dentro para fora e de fora para dentro. Aprendera que os recebimentos são tesouros, as amizades ganhadas coleguismo, as amizades perdidas lições, os males físicos um exercício de paciência, os males emocionais um aviso de que é preciso mudar através dos perecimentos que emergem da alma.





Por fim, a menina, em sua juventude calma, doce e racional, achava-se feliz e disposta, com a alegria dos que compreendem um mapa difícil que desenha todas as rotas de uma viagem longa, bonita e necessária. Agora, depois de descoberta tão magnífica, só queria prestar atenção nos seus recebimentos, aprender com eles e averiguar, em cada recebimento, o ensino encaminhado pela perfeição maior.




Tantos recebimentos já recebera. Tantos recebimentos recebe. Tantos recebimentos ainda receberá. Mas, agora, os recebimentos, sejam como forem, nas condições que forem, tem novo significado e denominam-se com novas perspectivas e, acima de tudo, tem nova função, não de viver, mas de aprendizagem para a construção do eu sereno, maduro, sábio e dominado pelo amor. E tanto tempo já passara, mas agora que compreendera que os recebimentos que representam o caminho, a jornada.








sábado, 15 de junho de 2013

O Viajante.





Pelo mundo pouco viajou, caminhou ou conheceu
Por espaços geográficos limitados se fez e buscou aprender.
Não conhecia grandes cidades, metrópoles e universos culturais
Já ouvira falar de histórias, políticas e diferentes comportamentos sociais.



Sua rotina, sempre era a mesma, de dia trabalhava e à noite descansava
Buscava viver em sua pequena vida grandes experiências
Mas temia ir atrás do novo e este modificar-lhe por inteiro
Afastando de sua vida pequena e de seus companheiros



Temia a vida, as pessoas e todo tipo de desagrado
Gostava da gentileza, de um bom abraço e de amigos por todo lado
Andava pelas ruas conhecidas, não temendo qualquer tipo de desamparo
Cumprimentava pessoas amigas que lhe amava e forneciam amparo



Já desejara muito. Inclusive o absurdo e experimentar sensações.
Sensações de sonhos, amores e pedaços de ilusões.
Fora de si, andara tão pouco, nem sequer conhecia as famosas cidades
Dentro de si, caminhara tanto, que parecia um conhecedor de antiguidades



Dentro de si, já vira mais que qualquer viajante e percorrera por muitas moradas
Fora de si, a matéria lhe impedia de alcançar seus sonhos, metas e jornadas.
Criatura tão bendita, ficava nesse desassossego
De não conhecer o mundo, mas tê-lo por dentro, por inteiro.



Por tantas indagações, tivera uma aprendizagem:
De que pouco importava a matéria que adquirira no mundo
Ou os espaços que conhecera e disputava
Pois o que realmente levaria, não tinha pesos nem medidas.


Em seu peito, tinha muitas histórias, filosofias e políticas.
Conhecera o mundo só de pensar e aprendera só com a razão
Não precisara ver museus ou compreender uma nação
Pois dentro de si, caminhava e carregava toda a sabedoria e vastidão



Que criatura sortuda, bela e harmoniosa
Que tinha  pouco o que os homens definiam como grandioso
E muito o que os homens desprezavam e negavam
Definindo como desnecessário para as jornadas.



O mundo não conhecia. Nunca viajara.
Dentro de si era conhecedor e pensador de tantas moradas
Não tinha o que os outros tinham, mas pouco se importava
Pois descobrira que o seu muito que o levaria para verdadeira jornada



Para quê línguas, figuras e acúmulo?
Se no fim, não se leva nada do mundo?
Virtudes, inteligências e aprendizagem
É que fazem o viajante de verdade



Que não se fixa em culturas, opiniões e status
Pois sabe que é por dentro que se encontra, de fato.
E pensar que tanto medo antes tinha
Até descobrir que a vida tudo lhe ensinaria.




domingo, 17 de março de 2013

Força.







Sonhos, objetivos, desejos. Medo, angústias, quedas. Estradas longas, caminhos errados, vozes desejando a materialização do erro, da dor e da angústia da escolha que determina o desamor, o sofrer. Por onde começar, ou melhor, por onde continuar? Vida, um processo longo de aprendizagem em que não há a possibilidade de encerrar, apenas reiniciar, pois em cada queda, há sempre o chamado para se levantar. Quem cai, levanta, quem erra, conserta, quem escolhe, decide e, embora seja longo e demorado o caminho para alcançar a conscientização do movimento contrário, não há condições da maldade permanecer eternamente sem se alterar. O amor, grato e benevolente, fora criado para reinar e a falta ou escassez dele, gera o sofrimento, de forma que os sentimentos contrários ao amor, são ilusões definidas para justificar o vazio de quem (ainda) não conseguiu construir sua força, fé e virtudes.







E, diante tantos erros, dilemas e esperanças, há um sentimento maior que gera o amor, a felicidade e o compreender. Como alcançar a verdade de todas as coisas, o equilíbrio interno e a certeza de ser uma unidade independente e inteligente no universo? É a força. Força para consertar, força para melhorar e força para gritar:" eu posso!". É essa força bendita, que não nasce de eventos banais e superficiais, mas de longo aprendizado. Força, só pode nascer do desejo veemente do progresso, do desejo briguento de não aceitar a realidade bárbara da hipocrisia gerada pela ignorância. A força é a energia geradora de todas as coisas bravas e determinadas para um novo começo, a transpor as delimitações impostas pelo mundo, pelo outro e, pior, pelo nosso próprio eu. Que nasça a força! Energia brava, guerreira, que briga para que a fé não vá embora, para que o amor requisite seu lugar e para que a felicidade, sendo do indivíduo, não se deixe convecer por qualquer mesquinharia.






Amor, fé e virtudes, existem, pois há um fator (tão pouco refletido) que os sustentam a permanecerem na mente e na vida de cada caminhante que busca concluir sua jornada: a força. Não há outro sentir, outra sensação ou opinião que seja maior que a força. A força injeta energia ao corpo, banha a mente de palavras de fé e permite que o amor seja uma dádiva para vencer as lutas diárias de cada caminhante. Força, energia bendita, lutadora do amanhã. É a força que impulsiona e que inicia todo processo de construção do eu: verdadeiro alimento da alma, do pensar e do lutar. E não há outra maneira da força ser construída, se não for pela necessidade genuína e gritante de governar a própria vida.






Força: bendita energia de luz, paz e felicidade. Força, elemento que levanta o abandonado, dá voz ao fracassado e oferece pernas ao excluído, o fazendo ser mais, gritando para que erga a cabeça e diga: "Não foi as alturas dos muros, o excesso de opiniões ou os sofrimentos  da viagem que pereceram minha jornada, foi, em absoluto, a falta de força não gerada pelo espírito que não permitiu que os muros fossem somente mais uma dificuldade, as opiniões vozes sem sentido e os sofrimentos pedras a serem levantadas e vencidas". Pois quando há força, há fé, quando há fé, há crença e a crença conduz ao aprendizado do verdadeiro amor. Que nasça a força, desenvolva a fé e explane o amor. Força, elemento sagrado e bravo que difere o tamanho das coisas, do mundo e renova os corações, os transformando não em captadores de sofrimentos, mas em lutadores contra todas as guerras internas e externas que tentam nos roubar: roubar dos nossos sonhos, alegrias e destino. Bendita força!.






quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Velha Graça.




Era uma velha engraçada aquela, não porque contasse piadas ou fosse divertida, mas por ser dona de um aparente magnetismo que atraía tudo e todos a lhe olhar, a perscrutando, questionando seus modos e o silêncio impresso na sua solidão. Solidão tão sua que parecia ter nascido com a mesma, companheira por sua própria opção. Todos os dias fazia o mesmo percuso, andava pela cidade, comprava coisas desnecessárias e gastava mais do que podia, só para poder falar com as pessoas e sentir-se alegre. Buscava nas pessoas o que a vida não lhe deu: filhos, marido, irmãos e amigos para amar. Na infância fora lavadeira, já na adolescência sabia toda arte de trabalhar para os outros, ganhando pouco e fazendo muito. Não tivera escola, casa própria e se transportava através de ônibus, já que veículos particulares, só para quem tivesse estudo e dinheiro. Mas aprendera, com Dona Selma, a escrever seu nome, era engraçado que só vendo as letras: G-R-A-ÇA, tinha que desenhar direitinho e cada letra tinha sua forma, difícil demais da conta, mas o nome era esse: Graça. Sua mãe, mulher forte e sabida, sempre lhe disse que o nome carregava muito da pessoa e, já que era assim, ter um nome aparentado com a palavra felicidade poderia ser meio caminho andado para ser feliz.







Que previsão engraçada! Tá certo, tem gente que sofre muito. Ô mundo danado de ruim, gente sem comida, dinheiro, cheio de doença, não podia reclamar, não, afinal, tinha saúde, casa alugada e podia andar todas as tardes pela cidade, como tanto gostava. Sentava-se religiosamente, as seis da tarde, no banco da praça, esperava o ônibus que levava para o centro e comprava uma tapioca do Seu Amaro. Ô trem gostoso, não sabia fazer igual. Tinha as de doce, queijo e até umas novas de carne, gente que sabe ganhar dinheiro é outra coisa. Assim pensava, quem ganha dinheiro é quem sabe e não quem quer. Parece destino mesmo, viu? Ah, lá chegava o ônibus de Dona Graça, que felicidade a lhe agir!. Era algo bonito de se ver, ela, lá, sentada nas margens molhadas de um banco velho esperando ansiosamente - todos os dias - seu velho ônibus para ver - novamente - suas velhas ruas, velhas casas e o registro de uma cidade que pouco mudou, só mesmo um bucadinho de gente tinha nascido. Conhecia todas. Seu prazer era inenarrável, sorria, sorria... quando tinha vaga para sentar-se próximo à janela, aí, sim, via as pessoas, as árvores e tudo que já conhecia, mas que tinha um novo significado, todos os dias.







Esse era o segredo dela, quando questionavam o porquê de tanta felicidade ao ver as mesmas coisas, odos os dias, tão comum... aí, com um largo sorriso, como se guardasse um segredo óbvio demais para ser questionado, dizia "Justamente por isso, existe presente mais bonito do que ter a mesma coisa, todos os dias e agradecer por ela? Não perdê-la e saber que é sua? Mais que isso, ver todos os dias, a mesma coisa e mesmo assim encontrar novas belezas, agradecendo o presente que Deus deu: a vida e, ao invés de ir longe buscar muito, saber que o seu muito, já está muito perto?" Que velha estranha, diziam eles ao ver ela, lá, partir depois desta longa resposta, que não fazia ninguém pensar ou entender o que ela quis dizer. Ela saía rindo, de fininho, afinal, que gente mais boba! Gente que esperava perder para sentir, morrer para ter saudade e achar que a felicidade era sempre algo longe de si e não algo que está sempre dentro, interno e presente. Gente que ia longe buscar o que já tinha e mais do que isso, não sabia agradecer o que tinha. Já tinha visto muitas coisas tristes na vida, mas nada, nada mesmo se compara com a tristeza de ver o vidente cego, aquele que tem, mas não vê. Coitado. Um ser que se olha e não vê nada, que tem e ainda sente falta, que reclama e não sabe o que já tem, de tanto que pensa no que não tem. Uma tristeza que só.







Assim, Dona Graça partia, rindo de si mesma, agradecendo pelo seu tempo, sua vida, e achava graça de toda aquela gente que pensava que ela era sozinha, só porque estava só. Que coisa mais besta! "Solidão não é ser só, mas sim sentir-se só". Um grande engano, pensava ela, agradecendo todos os dias à sua mãe ter lhe fazido Graça, farta de felicidade e alegre pelo que tem. O ônibus chegava e ela por ele seguia, via seus amigos, encontrava o que a vida não lhe deu e ao descer e partir para casa, com dores nas costas e suas sacolas a carregar, fazia uma pequena oração, agradecendo pelo seu nome Graça, que lhe dava, todos os dias, meio caminho andado para felicidade.






domingo, 4 de novembro de 2012

Dia








Dia frio, céu nublado, vento a dançar. Pensamento que segue, tranquilo, sem nada a esperar. De dias assim que preciso, sem sentir excessos, combinar verbos e preocupar para o que olhar. Sem nada a fazer, o tempo não pede nada e eu, aqui, a sonhar. Dia sem pensar no futuro, medir os ganhos e calcular o que ainda se precisa ganhar. Dias que as leituras são leves, específicas para o viver, e não leituras para decorar. Leituras que são para alma e não para a afirmação coletiva do ter e desejar. Que dia bonito, desejado deveras por minha alma e que nem sempre se faz falar, quase a mim não chega, me nega sua companhia e me faz esperar; esperar para lhe abraçar. Sem meios, rotas e planos a formar, dia que não permite o óbvio, o engano e a ilusão pernoitar. Dia que não precisa de comparação, gente sem noção e coletivo a lhe permear, pois o silêncio é a palavra, a paz a buscada e a felicidade um querer simples, sem pretensão de edificações grandiosas para se projetar.







Dia, meu dia desejado, que não me acompanha pelos meses, anos e estações, me faz esperá-lo de forma ansiosa, preparar-me como apaixonada e não marca data para chegar, morar e partir. É livre como pluma, sábio como mestre e feliz como o vento a brincar. Não precisa de ninguém, seu alimento é a paz e seu guia o leve viver e agradecer, não tem mais planos, já sabe que é eterno e não precisa mais provar. Esse meu dia, bonito demais e breve como um pensamento. Me mostra o verdadeiro futuro, a verdade das coisas e que é passageiro, mais um dia irá ficar. Mostra que é o presente que passa, o futuro decerto é ele e o passado, um preparo para o tardar. Dia que me mostra que sou livre demais, nasci para volitar e viver meu eu, sem muito precisar.







Dia que me mostra o que mais gosto de ser: livre, e me faz agradecer e orar; agradecer pelo meu vento, meu dia nublado e minha mente a pensar. Me faz querer voar, saltitar e nenhum medo me rondar. Dia que me faz adulta, me livra das labutas e de gente medíocre a pensar. Esse dia que me visita é tão bom, mas que pena que não fica, não, amanhã é dia sem liberdade, o meu dia vai embora e volto a esperar. Esperar esse dia voltar, a paz me tomar e a liberdade por mim se espreguiçar. Dia que parece mar, faz ondas como quer e brinca sem cessar. Dia meu, meu dia, que vai embora, mas sei que vai voltar para liberdade sempre me tomar e meus caminhos me levar, conduzir e a mim modificar.





sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Já é Tempo.







Decerto há de ter passado tempos diversos. Tão diversos que nem se mensura contar ou analisar. Quando se há tantos tempos passados, pouco importa raciocinar o perdido e o ganho, basta a certeza vazia do desejo pelo não tido, ou vivido, principalmente, sentido. O pior é as folhas murchas deixadas na estrada, o perfume sem  essência e o medo de ter mais tropeçado do que caminhado. O pior, sobretudo, é a falta de fé em alguém, coisa ou na inteligência feroz que o corpo abriga, tão protegido e guardado para a ideia de futura felicidade e acalento da alma. Dias, quantos foram? Fizeram-se anos ou o espelho reflete a imagem do engano ou da ilusão de terem se perdido da alma tantas e grandes tarefas a cumprir, histórias para viver e experiências para somar. Se fez muito sol, caíram poucas chuvas e no outono, nenhuma folha esteve no chão. Mundo estranho, viver com tantos danos e sem esperança para criar novos sonhos ou caminhos, até mesmo pequenas estradas com suas somas de ilusão.







Onde está a rota? Existe reta específica ou o caminho se transforma de acordo com os pés do transeunte? Pois já passa o tempo de conhecer o norte, o sul e identificar os pontos seguros para a boa viagem. Já passa o tempo de ver onde se está as ilhas, as tempestades e quais os sonhos que incentivam esta jornada. Pois de que adiantará estes dias presentados se não há como senti-los pelas mãos e pela mente que raciocina o viver e o aprender. Não! não seja apenas um andar no universo ou mais uma gente no mundo. Muitos andares o mundo já tem e gente é que cobre o globo. O papel, este que quero conhecer e saber, o papel de execução neste mundo e as buscas que ele deseja. Sonhos, desejos, medos, coragem, receio; receio não deste mundo externo, cheio de cores e objetivos, mas deste mundo interno permeado de mazelas e negações provindas da alma. 







Que alma latente, eterna e divina que ganhei sem saber e que ao crescer vi que tinha. Que graça mais amada e linda do verbo fazer e agir, que encaminha os passos para o caminho sábio de preparar-se para a recuperação do próprio eu. Eu. Eu contido. Eu que é absolutamente meu. Já são tantos os tempos, que quero, por agora, encontrar, não mais analisar. Quero, agora, agir, e não pensar a razão concreta do existir e habitar. Quero, agora, labutar e não mais perecer em processos de escolha e indagação, onde o único produto é a dúvida e a divergência dos paralelos que se fazem par.






Alma, torna-se anjo! Voe pelas estradas e não deseje mais só caminhar pelas suas escolhas tortas e maléficas. Decida-se! Não mais se use para indagar e perceba que, também, pode somar, optar, decidir e calcular seus passos e quais são as principais vias para sua emancipação. Não se deixe passar por mais tempos, tempos tão diversos e grandes que tornam-se passado ao concluir um único dia. Já são tantos dias passados, que não há mais nada a reverter; todos os perfumes acabaram e as árvores não produzem mais folhas, sequer flores. Já se faz necessário um novo tempo, novo rumo, nova escolha e a aparição de um novo eu. Já é tempo de guiar o destino e decidir por caminhos sem grandes preocupações. Já é tempo de ser mais, aniquilar seu menos e brotar suas aptidões.




Já é tempo. Tempo de melhoras, tempos de novas glórias e de florescer o coração. Já é tempo. Ah, decerto que é!.