sábado, 16 de junho de 2012

Outros Tempos.




O tempo era novo; novo e de melhora. Já não parecia obscuro ou tardio. Era maduro, bonito e sem reações vacilantes, reconhecendo-se como tempo de gente grande, em que os objetivos são reais e fortes, o vazio torna-se apenas uma indagação e o sofrimento uma certeza da necessidade de um reparo, de reforma. Um tempo mais sereno, calmo, harmonioso e interno; na verdade, absolutamente interno, onde o externo apresenta-se apenas como um efeito refletor do que há por dentro deste mundo descoberto. Neste novo tempo há tantas belezas e glórias, jornadas para traçar e conquistas à espera de um abraço calorosamente amigo. Que tempo bonito! E por quanto tempo me chamou, mas como fruto em germinação, não sabia caminhar, somente enfrentar as intempéries da minha nascença e as turbulências de meu crescimento. Outros foram os tempos: de dor, lamúria e desassossego, em que minha alma não se reconhecia como ser e ansiava por desejos diversamente burros e infantis. Em que via o caminhar do outro, as respostas eram inferiores e os desejos ilusórios.








Outros tempos são estes de agora, doces e serenos com um ar de quietude e sabedoria congruente com o tempo de paz, o estado de paz. Tempo em que o outro não me faz falta, pois não me completa, apenas acompanha. Tempo em que a dor me bate à porta, mas a necessidade do sofrer é decisão íntima. Tempos modernos, modernos pois dimensiona a alma e não porque assimila o coletivo. Há quanto tempo espero você, meu novo tempo, semeando por vezes brotos doentes e colhendo frutos deformados, mas a cada fruto incerto, você me lançava para evolução, exigindo apenas esforço e construção. Me levava para mundos estranhos, outrora mundos incompletos, mas sempre me permitia descansar por oásis belos, fotografando na memória a certeza do tempo que realmente permaneceria, sedentaria todo o ser no magnífico plano infinito da sabedoria e do crescimento de todas as coisas.







Outros tempos, que não conhecia, mas que foram apresentados pelo trabalho incansável do amar e dedicar. Como uma ampulheta que muito viu, viveu, esperou e mediu muitos tempos até chegar nestes tempos novos, tempos de gente já grande e sabida, que já não necessita, somente aprende, não mais depende do outro, apenas de uma harmonia interna que explana o amor e não sabe dizer o que mais são lágrimas, pois se felicita pela oportunidade do trabalho que conduz ao chamado do amor. Tempo tão belo como a luz que ilumina os olhos para a razão e atenção. Outros tempos que já são meus e não vão embora mais não, pois, neste tempo, que já são outros, encontrei a razão que ensinou-me a volitar. Outros tempos em que os  verbos conjugam aprender, saber e amar.