domingo, 5 de agosto de 2012

Barreira de Pedras.






Ela sentara de frente a barreira de pedras. Barreiras que nunca vira igual, em tamanho ou cor viva. Era uma barreira tão penetrante e intensa, que desejou nunca mais partir daquela zona. Era uma zona de conforto. Conforto de viver, pensar e desejar todos os seus ideais de vida. Que menina estranhamente normal que nutria suas barreiras e as solidificava em pedras para proteger-se de um mundo vasto e perigoso. As pedras eram tão antigas, bonitas mesmo de se ver. Pareciam de um tempo distante, mas tão perto que melindrava a mente da menina, que olhava, sentia e sabia que aquelas barreiras eram absolutamente suas. Enquanto pensava, a dor ansiava, pois as danadas das pedras cresciam, criavam altura e pareciam que iriam fechá-la naquela visão que tornava-se estreita e muito, muito comum. Que universo paralelo, tão seu e apropriado de todos os elementos que formavam sua alma.







Barreiras de pedras, por que não de outra matéria? Pensava, pensava, a menina. Seu mal era pensar. Quanto mais pensava, menos decidia e suas pedras alcançavam altura sem medidas. Que ilusão mais virulenta, ataca o seu mundo e a faz de objeto. Objeto que gostava de fechar-se, prender-se, desejar o nada e fugir para o mundo fantástico do inventar e criar dela. Cada um tem suas pedras, mas nem todas tão sólidas e nem todas tão rarefeitas, mas presentes nesta zona que se cria contra a falta de sabedoria e a busca de si mesmo. Busca para si, busca que presenteia a alma a colocando no seu centro e acalmando-a para as questões que visitam a alma.








Ela desejou tocar nas pedras. Já era um começo. Um belo começo para uma colecionadora de pedras, apreciadora de barreiras de proteção e de aconchego nas fendas que a apartavam do mundo. Que pedras mais estranhas, parecem ser ela própria, ela mesma! Pedras formadas pelo seu ser, entregues aos seus cuidados e obedientes a qualquer ordem que a menina quisesse determinar. Que zona mais perfeita de proteção, poderia a menina ficar ali para sempre, sem pestanejar. Afinal, as pedras eram dela. Mas sabia bem ela que as pedras não permitiam ver o outro lado, a sabedoria do empirismo e a conquista do desejado. Em meio a tantas decisões resolveu por continuar sentada, compenetrada e esperançosa de poder (de uma só vez) derrubar todas as suas pedras, mas como não conseguia, começou por derrubar uma. Mas que belo começo, pensou a menina quando uma fenda de luz viajou pelo buraco da pedra e dançou por todo o seu rosto: "vejo um pouco de luz".






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