domingo, 3 de novembro de 2013

Recebimentos.








Por muito tempo ela caminhou, recebendo emoções e momentos de todos os tipos. Com todos é assim. Todos tem seus recebimentos, de acordo com suas necessidades. Mas por quanto tempo andara, às vezes até correra, sem perceber quais recebimentos estavam batendo à sua porta? Não, não sabia. Não sabia o tempo, os momentos e o que estava caminhando na sua estrada, fazendo-a parar, pensar e, até mesmo, mudar seu caminho. Agora, perante tempo passado, estradas percorridas e análises refletidas, entendera, como fruto que demorara a amadurecer, o valor dos seus "recebimentos".




Era nos tais dos recebimentos, que escondiam-se todos os segredos que necessitava para encontrar o que definiam, de formas tão diversas e diferentes, o caminho da completa e plena realização humana do ato de sentir e agir com a perfeição dos que encontraram a sabedoria e paz da purificação da pessoa de bem. O que estava recebendo, as oportunidades e os recebimentos negativos e positivos, tornaram-se, para ela, o novo principal foco da sua vida, pois, era através dos seus recebimentos, que ela entendera que poderia aprender a linguagem da "inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".




Aprendera, finalmente, que não há mistérios indecifráveis, explicações complexas e caminhos difíceis, há, apenas, a dificuldade de observar todo caminho mostrado pela vida dos processos que ocorrem de dentro para fora e de fora para dentro. Aprendera que os recebimentos são tesouros, as amizades ganhadas coleguismo, as amizades perdidas lições, os males físicos um exercício de paciência, os males emocionais um aviso de que é preciso mudar através dos perecimentos que emergem da alma.





Por fim, a menina, em sua juventude calma, doce e racional, achava-se feliz e disposta, com a alegria dos que compreendem um mapa difícil que desenha todas as rotas de uma viagem longa, bonita e necessária. Agora, depois de descoberta tão magnífica, só queria prestar atenção nos seus recebimentos, aprender com eles e averiguar, em cada recebimento, o ensino encaminhado pela perfeição maior.




Tantos recebimentos já recebera. Tantos recebimentos recebe. Tantos recebimentos ainda receberá. Mas, agora, os recebimentos, sejam como forem, nas condições que forem, tem novo significado e denominam-se com novas perspectivas e, acima de tudo, tem nova função, não de viver, mas de aprendizagem para a construção do eu sereno, maduro, sábio e dominado pelo amor. E tanto tempo já passara, mas agora que compreendera que os recebimentos que representam o caminho, a jornada.








sábado, 15 de junho de 2013

O Viajante.





Pelo mundo pouco viajou, caminhou ou conheceu
Por espaços geográficos limitados se fez e buscou aprender.
Não conhecia grandes cidades, metrópoles e universos culturais
Já ouvira falar de histórias, políticas e diferentes comportamentos sociais.



Sua rotina, sempre era a mesma, de dia trabalhava e à noite descansava
Buscava viver em sua pequena vida grandes experiências
Mas temia ir atrás do novo e este modificar-lhe por inteiro
Afastando de sua vida pequena e de seus companheiros



Temia a vida, as pessoas e todo tipo de desagrado
Gostava da gentileza, de um bom abraço e de amigos por todo lado
Andava pelas ruas conhecidas, não temendo qualquer tipo de desamparo
Cumprimentava pessoas amigas que lhe amava e forneciam amparo



Já desejara muito. Inclusive o absurdo e experimentar sensações.
Sensações de sonhos, amores e pedaços de ilusões.
Fora de si, andara tão pouco, nem sequer conhecia as famosas cidades
Dentro de si, caminhara tanto, que parecia um conhecedor de antiguidades



Dentro de si, já vira mais que qualquer viajante e percorrera por muitas moradas
Fora de si, a matéria lhe impedia de alcançar seus sonhos, metas e jornadas.
Criatura tão bendita, ficava nesse desassossego
De não conhecer o mundo, mas tê-lo por dentro, por inteiro.



Por tantas indagações, tivera uma aprendizagem:
De que pouco importava a matéria que adquirira no mundo
Ou os espaços que conhecera e disputava
Pois o que realmente levaria, não tinha pesos nem medidas.


Em seu peito, tinha muitas histórias, filosofias e políticas.
Conhecera o mundo só de pensar e aprendera só com a razão
Não precisara ver museus ou compreender uma nação
Pois dentro de si, caminhava e carregava toda a sabedoria e vastidão



Que criatura sortuda, bela e harmoniosa
Que tinha  pouco o que os homens definiam como grandioso
E muito o que os homens desprezavam e negavam
Definindo como desnecessário para as jornadas.



O mundo não conhecia. Nunca viajara.
Dentro de si era conhecedor e pensador de tantas moradas
Não tinha o que os outros tinham, mas pouco se importava
Pois descobrira que o seu muito que o levaria para verdadeira jornada



Para quê línguas, figuras e acúmulo?
Se no fim, não se leva nada do mundo?
Virtudes, inteligências e aprendizagem
É que fazem o viajante de verdade



Que não se fixa em culturas, opiniões e status
Pois sabe que é por dentro que se encontra, de fato.
E pensar que tanto medo antes tinha
Até descobrir que a vida tudo lhe ensinaria.




domingo, 17 de março de 2013

Força.







Sonhos, objetivos, desejos. Medo, angústias, quedas. Estradas longas, caminhos errados, vozes desejando a materialização do erro, da dor e da angústia da escolha que determina o desamor, o sofrer. Por onde começar, ou melhor, por onde continuar? Vida, um processo longo de aprendizagem em que não há a possibilidade de encerrar, apenas reiniciar, pois em cada queda, há sempre o chamado para se levantar. Quem cai, levanta, quem erra, conserta, quem escolhe, decide e, embora seja longo e demorado o caminho para alcançar a conscientização do movimento contrário, não há condições da maldade permanecer eternamente sem se alterar. O amor, grato e benevolente, fora criado para reinar e a falta ou escassez dele, gera o sofrimento, de forma que os sentimentos contrários ao amor, são ilusões definidas para justificar o vazio de quem (ainda) não conseguiu construir sua força, fé e virtudes.







E, diante tantos erros, dilemas e esperanças, há um sentimento maior que gera o amor, a felicidade e o compreender. Como alcançar a verdade de todas as coisas, o equilíbrio interno e a certeza de ser uma unidade independente e inteligente no universo? É a força. Força para consertar, força para melhorar e força para gritar:" eu posso!". É essa força bendita, que não nasce de eventos banais e superficiais, mas de longo aprendizado. Força, só pode nascer do desejo veemente do progresso, do desejo briguento de não aceitar a realidade bárbara da hipocrisia gerada pela ignorância. A força é a energia geradora de todas as coisas bravas e determinadas para um novo começo, a transpor as delimitações impostas pelo mundo, pelo outro e, pior, pelo nosso próprio eu. Que nasça a força! Energia brava, guerreira, que briga para que a fé não vá embora, para que o amor requisite seu lugar e para que a felicidade, sendo do indivíduo, não se deixe convecer por qualquer mesquinharia.






Amor, fé e virtudes, existem, pois há um fator (tão pouco refletido) que os sustentam a permanecerem na mente e na vida de cada caminhante que busca concluir sua jornada: a força. Não há outro sentir, outra sensação ou opinião que seja maior que a força. A força injeta energia ao corpo, banha a mente de palavras de fé e permite que o amor seja uma dádiva para vencer as lutas diárias de cada caminhante. Força, energia bendita, lutadora do amanhã. É a força que impulsiona e que inicia todo processo de construção do eu: verdadeiro alimento da alma, do pensar e do lutar. E não há outra maneira da força ser construída, se não for pela necessidade genuína e gritante de governar a própria vida.






Força: bendita energia de luz, paz e felicidade. Força, elemento que levanta o abandonado, dá voz ao fracassado e oferece pernas ao excluído, o fazendo ser mais, gritando para que erga a cabeça e diga: "Não foi as alturas dos muros, o excesso de opiniões ou os sofrimentos  da viagem que pereceram minha jornada, foi, em absoluto, a falta de força não gerada pelo espírito que não permitiu que os muros fossem somente mais uma dificuldade, as opiniões vozes sem sentido e os sofrimentos pedras a serem levantadas e vencidas". Pois quando há força, há fé, quando há fé, há crença e a crença conduz ao aprendizado do verdadeiro amor. Que nasça a força, desenvolva a fé e explane o amor. Força, elemento sagrado e bravo que difere o tamanho das coisas, do mundo e renova os corações, os transformando não em captadores de sofrimentos, mas em lutadores contra todas as guerras internas e externas que tentam nos roubar: roubar dos nossos sonhos, alegrias e destino. Bendita força!.